Carta ao destino

Querido destino,

Você é a coisa que eu mais tenho pensando ultimamente. Ando preocupada com você, com suas decisões, se preciso fazer algo para te encaminhar, ou se eu já estou no caminho certo. 

 Ás vezes me sinto nas armadilhas do Coiote. De pedacinho em pedacinho ao longo do caminho, eu vou mordendo a isca, até que chega a última e cai uma gaiola imensa sobre mim. Você prega peças!

As pessoas dizem tanto em “destino” que eu vivo pensando: será que eu já não estou te vivendo? Para alguns, ouvir o seu nome já é motivo de embrulhar o estômago e fazer voar milhões de borboletas dentro dele. O fato é que todos querem te presenciar, mas estão com medo do que você reserva.

Conversas do tipo “Imagina daqui 10 anos..”. Calma lá! Dez anos? Onde eu vou estar daqui dez anos? Estaremos vivos? Estaremos ricos, pobres? Vai saber. E do jeito que você anda.. Ah, o jeito que você anda! Anda difícil, anda lento, frio, calculista, meio bobo, né?

Costumo dizer que você não existe, mas sim que quem te faz somos nós. A única maneira de prevê-lo é construí-lo. Nós temos o poder de te mudar. Pessoas sentem receio em falar sobre o futuro delas, sobre pra onde querem ir e onde querem estar. Será que é por que elas não estão totalmente seguras do próprio presente? Não estão o vivendo da forma como queriam? Porque o presente, ele sim, é o caminho pra você, destino.

Alguns confundem Destino com Futuro. Os dois nos levam praticamente para o mesmo lugar, mas o futuro, ele existirá amanhã, depois de amanhã, daqui milhões de anos mesmo se você não estiver mais aqui, se você morrer. Agora o destino, ele é seu, lhe pertence, depende de você construir um.

Você é uma espécie de enigma. Por mais que façamos uma ação hoje, jamais saberemos se o resultado será o que a gente realmente espera. E você, Destino, não precisa ser daqui dez, vinte anos, pode ser amanhã, quando acordarmos. Lá já será nosso destino. E você anda preparando o que pra mim?

Faça com que as minhas ações prosperem pra onde eu quero, e que todas as nossas ações resultem em algo bom, algo que realmente esperamos. A vida é assim: nascemos, nos permitimos, e morremos.

Você tem um dom maravilhoso, que é andar de mãos dadas com o tempo. Ah.. o tempo! Quão maravilhoso é, quão perfeito, sem pressa, consolador e minimalista. Ele cura, ameniza, apaga, traz de volta, leva, é o que de mais perfeito existe. E o melhor: nós o possuímos, mas ele não anda como queremos. Ele vai no tempo dele, devagarzinho, mas perfeito.

Por isso, vocês dois têm muito trabalho a fazer. Caprichem, enquanto nós continuamos aqui, assíduos, aflitos, meio pacientes, controladores, e com força de fazer que o dia do nosso encontro seja perfeito, à luz de velas e muitos abraços.

Nos vemos lá.