terça-feira, 11 de agosto de 2015

Desabafo de uma desastrada





Dedicado à todos aqueles que têm a proeza de desconcertar tudo o que estar no seu devido lugar.

Prazer, eu.

Confesso que se fosse pra separar meu biotipo em alguma classe, eu não saberia onde me posicionar. Ou melhor, desastradamente me encaixaria na classe dos que tudo desajeitam e desarrumam. Na classe dos que a frase “se não acontecesse, não era eu” predomina.

O que me conforta e que eu sei que não estou sozinha, e pior: minha desastreza é de família. Final de semana passado saímos para comemorar o Dia dos Pais felizes e contentes. Resumindo, íamos para São Roque, e acabamos chegando em Alumínio. Voltamos para Sorocaba, e decidimos ir para Itu, chegando em Itu, erramos a entrada do restaurante, e ao sair do restaurante, erramos a entrada e saímos pela saída. Tudo isso com um grupo de 5 pessoas pensando juntas. Se contar ninguém acredita.

Mas eu sou um caso a parte, e como disse, sei que não estou sozinha nesse mundo. Desde de criancinha eu caía nos brinquedos, ralava o joelho.O mundo dos desastrados é pisar em um chiclete no chão, é bater com a cabeça na porta, moer o mindinho nos móveis, cair de forma horrivelmente horrorosa em uma piscina, levantar com a parte de cima do biquíni não tampando o que deveria, cair na areia da praia, etc. Esse é só um resumo.

Estive refletindo como eu poderia mudar minha vida de uma vez por todas e fazer com que esse espírito maligno saísse do meu corpo pra sempre. A minha mente faz uma influência tão grande sobre mim que eu acabo destruindo as coisas só de pensar que não devo destruí-las, como por exemplo, não tropeçar no palco da minha formatura indo buscar o canudo. Dito e feito: quase me empacotei no vestido na frente de 500 pessoas. .

Calma, pensei comigo, eles iriam entender, só iriam rir de você para o resto da vida te vendo cair no DVD da formatura. Uma coisa que é de praxe pra mim é cair na frente dos outros. Chuva então? Nem se fala. Choveu e lá vai a Marília deslizando nas calçadas, pátios, o que seja.

Estou tão acostumada em viver a vida assim que meu psicológico já me alerta: “você vai cair! Você vai errar! Cuidado! Vai quebrar”. Não sei se é pessimismo, mas entre o caminho do certo e do errado, com certeza eu vou no errado, só pra me ferrar um pouquinho mais

Eu sou um personagem muito cômico. Rio muito comigo mesma, às vezes penso que eu nem existo. Sou daquelas que chega em casa com um baita risco de caneta no rosto e ninguém avisou, e passei o dia todo assim, com as pessoas me olhando. Sou daquelas também que para há 2 metros de distância da cancela do shopping e tem que puxar o freio de mão, abrir a porta, descer do carro, pegar o cartão, etc. Refletindo comigo mesma, 70% das ações da minha vida não acontecem de forma plena ou sem um imprevisto, sempre algo quebra, atrasa, fura, borra, me da medo.

O que eu quero, caro leitor amigo, é que você leia e pense: poxa, me identifico com ela, ela não está sozinha nesse mundo. Eu espero de coração que eu não esteja sozinha quando eu vou futucar a vida de alguém e curto uma foto de 2010 sem querer, quando eu dou o dinheiro e recebo a nota fiscal cheia de moedas já segurando nos braços a bolsa, e blusa, a garrafa d’agua, e tenho que me virar com mil braços pra sair andando ao mesmo tempo, abrir a bolsa e guardar as mil moedas, quando eu raspo o retrovisor na garagem de casa, quando vou mexer o leite no copo e derramo tudo para fora, quando eu coloco muito shampoo na mão e vou tentando devolver no frasco e só pioro a situação, quando eu esqueço meus documentos em casa quando a polícia me para, quando eu BATO NUMA VIATURA DA POLÍCIA, quando eu quase bato num carro da OFEBAS, quando eu sento no molhado... é tanta coisa que se fosse contar todas, ninguém chegaria mais perto de mim.

Algumas situações que hoje eu rio comigo mesma, na época me dava ódio. Em algumas ocasiões, TUDO o que era pra eu não fazer, eu fazia. Tudo o que era pra não falar para um cara, eu falava. Ô coisa estranha.

A situação de maior apuro da minha vida aconteceram em aeroportos, ambos embarcando atrasada. Eu sempre tenho que ressaltar: EU SOU UMA PESSOA LERDA. Igual uma tartaruga, funciono leeeeeeen-taaaaaa-meeeen-teee. Na hora de embarcar e passar no detector de metais, tive que tirar o tênis, a bolsa, celular, e colocar na esteira do detector. Minha bolsa sempre parava, e depois que elas saem daquela esteira, é tipo programa do Passa ou Repassa, você recebe um “VALENDO!” e tem 5 segundo pra tirar sua bolsa arregaçada e dissipada das bandejas, ou já te fazem cara feia. Imaginem a cena: eu com a bolsa aberta, tudo abarrotado dentro, correndo, enfiando os pés no tênis ao mesmo tempo, procurando o passaporte e gritando: Esperem por mim!!!!

Quando cheguei dessa viagem, perdi o papelzinho da imigração. Perfeito.

Outra situação também foi no aeroporto. Era última chamada para o voô e eu senti minha mochila esquentar nas minhas costas. Pensei: puts, o notbook está ligado. A moça anunciou a última chamada do voô e lá vai a Marília agachada no meio da fila do portão de embarque, tirando TUDO da bolsa, abrindo o notbook e percebendo que não, ele não estava ligado, era só eu que estava quente como uma porca. Todos gritando: Vamos Marília!!! e eu enfiando tudo na bolsa fechando o notbook e gritando: Esperem por mim!!!!

Eu tenho um grande preceito: a vida exige muito de pessoas lerdas. Ou melhor, a vida exige muito de todos, mas as pessoas lerdas sofrem o dobro! Tudo pra elas é mais dramático, mais doloroso, mais forte.. é estranho.

Eu estou fortemente querendo mudar, eu QUERO mudar, eu quero deixar de ser assim. Eu queria um centro de reabilitação para desastrados e para os que não calculam direito as coisas. Talvez no começo dessa leitura você pensasse que passa pelo mesmo que eu, mas agora eu tenho certeza que você está: “Essa menina é mil vezes pior que eu.”

Na vida, há duas possibilidades. A de dar certo e a de não dar. Não vou falar que comigo as coisas nunca dão certo, pelo contrário, elas dão sim. Mas sabe aquele lado da vida “glu-glu-ié-ié” sacana que sempre gosta de te fazer passar vergonha em frente a multidões, pais de amigos, namorados, palestras, professores...? Esse é o meu lado que SEMPRE, SEMPRE está em alerta.


Agora eu preciso dormir pois amanhã tenho uma consulta cedo, e as chances de eu não acordar pra ela são grandes.

5 comentários:

  1. Primeira vez que acesso esse blog e devo dizer: estou sinceramente impressionado com a escrita. Narrativa leve, direta, simples, porém concisa, muito agradável.

    Me identifico muito com histórias sobre se perder na estrada: no meu primeiro semestre habilitado, tentei ir para itu, cheguei em piedade, e a viagem de trinta minutos virou três horas. Um mês depois, tentei ir para mairinque, cheguei em itapetininga, peguei chuva na volta (estava de moto) e a viagem de 47 minutos se transformou em quatro horas.

    Ser desastrado (a) e normal, todos temos defeitos. Veja pelo lado bom: vc sempre terá histórias para contar.

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  2. Bom não me identifiquei, não que eu nunca tenha passado por uma situação desastrosa mas não me considero uma, o que me fez continuar lendo foi tua escrita/narrativa, me prendeu totalmente, belíssimo texto, parabéns continue pois és perfeita escrevendo

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  3. Oi Liliana! Existem 2 tipos de pessoas no mundo: as desastradas e as que conseguem viver em plenitude. Você é sortuda!! Kkk . Obrigada pelos elogios, você é bem vinda!!

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  4. Marília, você não esta sozinha, pelo menos foi isso que eu pensei até metade do texto, eu sou desastrado, mas em proporções menores, não tanto quanto você hahaha. Quando eu era criança não podia usar chinelo na rua, pois sempre tropeçava, ralava os dedos e arrebentava o chinelo, e depois que cresci continuei desastrado, mas não tanto, consegui mudar, não sei dizer como, foi algo natural, de uns anos para cá o desastre foi menor \o/

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  5. Minha vida de desastrada:
    tudo o que eu toco:cai, quebra ou rala.
    Quando vou conversar com alguém estando a fim ou não: digo coisas estúpidas e sem sentido.
    Se preciso ir a algum lugar: sempre tem alguma coisa que me atrasa, ou esqueci de fazer uma coisa importante, não tranquei a porta, deixei a chave na porta.
    Perco coisas: habilitação, cartões, chaves .. tuuuuuudo!
    Tô cansada disso tudo, fico magoada comigo porque não consigo controlar. Como a Marília disse .. sou LERDA! Pela amor de Deus não aguento mais essa vida de desastres.

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