quarta-feira, 23 de março de 2016

O que você não sabe sobre "Eu sou Malala"








Quem me conhece sabe que eu tenho um certo fascínio pelo Oriente Médio. Pessoas sonham em conhecer Paris, Londres, Nova York, etc. Eu também, mas meu maior sonho é poder visitar o Egito e Israel. Tenho interesse pela cultura rica, pelo o que prega sua religião (apesar de ser Católica nata e praticante), e pela história, que foi o fator determinante para que eu me aprofundasse nesse assunto. Como almejo Jornalismo Internacional, leio com prazer sobre essas coisas. Apesar de querer um dia exercer minha profissão em uma área de conflitos milenares, prezo minha integridade e espero que um dia eu possa realizar esse sonho sem o medo de alguém explodir meu hotel ou até mesmo do meu lado em praça pública.

Dei início ao livro “Eu sou Malala”, e logo de cara já tirei uma conclusão: quanto sofrimento! Preciso falar que principalmente da parte feminina? A menina Paquistanesa já nasce sobre choro, mas não o seu, o de sua família. O choro é de tristeza: ela não era desejada, muito menos bem vinda. A família espera um menino, para que possa trabalhar e sustentar os pais na velhice. Já uma menina, deve apenas cumprir a Purdah (série de obrigatoriedades femininas a partir da Menarca, primeira menstruação, como se cobrir em baixo de panos, e quando casar, servir ao marido e a casa).

Malala conta a luta do pai, Professor e dono de uma escola que sempre está prestes a falir. Líderes radicais o ameaçam o seguinte: “Pare de educar meninas ou vamos te matar! Você e todas elas!” Como educar em um país que tem esse tipo de conduta? Fora os Professores que temiam pela própria vida ao se arriscarem a dar aula muitas vezes escondidos. Ás vezes, tudo que restava dos professores nas escolas eram bilhetes em suas mesas, do tipo: “Me desculpe, mas não posso mais arriscar minha vida para lecionar. Tenho medo de sair às ruas.”

O ápice do livro o qual fiquei mais indignada foi quando um líder extremista instalou caixas de som na calçada do uma mesquista do Paquistão ligada à única Rádio local, e anunciava coisa do tipo: “ O Sr. Cicrano deixou a barba crescer e eu lhe dou os parabéns”, “O Sr. Beltrano fechou sua loja de CD’s voluntariamente”, dizia, acrescentando que todos seriam recompensados na outra vida. Os habitantes gostavam de ouvir seu nome citado na rádio, por isso faziam mais e mais para serem  percebidos. E falava “ As mulheres devem cumprir suas responsabilidades dentro de suas casas. Somente em casos de extrema necessidade elas podem sair, cobertas com o véu”.

Fica estampado a enorme intolerância e impiedade com o próprio povo vindo do Governo, e pior: em nome de Deus. Quem tentava o contrário, muitas vezes era criticado, linchado e até morto. É como abrir um conto medieval onde não existe direitos humanos, amizade, risadas e felicidade. Tudo é um suspense, e nunca se sabe quando poderá levar um tiro nas ruas, porque simplesmente o Talibã quis te matar.

Nada mais revoltante que não poder ser livre. Por lutar por liberdade, tanto educacional quanto cultural, Malala foi atingida com um tiro no rosto voltando da escola, no ônibus. Simplesmente o ônibus foi parado em uma “Blitz” do Talibã, onde subiram vários homens vistoriando o ônibus e perguntaram: Quem é Malala? Apontaram para ela, e puxaram o gatilho.

Malala hoje tem uma dificuldade para falar e ficou com algumas cicatrizes no rosto. Lendo esse livro dos pés a cabeça, tenho de confessar: Feministas do ocidente devem LER!

Não menosprezando a repressão que mulheres ocidentais sofrem/sofreram por aqui, porque realmente existe, mas aqui todas nós somos livres e não temos a obrigação de nos cobrir com Burka, nem de sair de casa APENAS acompanhada de um homem. Não somos indesejadas quando nascemos muito menos trazemos desgosto para nossos pais quando sabem que somos meninas. Não temos a obrigação de estudar escondido, sair de casa com medo do exército invadir nossa casa pelo simples fato de você ter uma TELEVISÃO. Podemos nos depilar, fazer o cabelo, escolher a roupa que quisermos e sairmos sozinhas às ruas. Podemos escolher casar ou não. Podemos protestar do jeito mais ridículo possível: mostrando os seios e as vaginas, que o exército não te espanca e não te apedreja em praça pública. E não fomos feitas apenas para arrumar a casa, cozinhar e parir como dita determinados lugares do oriente médio: desde pequenas éramos livres para frequentar o Ballet, ao Inglês, Judô, escola( de boa qualidade ou não), Natação, e fomos criadas para sermos mulheres de pulso firme.

É fato que temos de viver a realidade de onde nascemos, mas comparar sempre faz toda a diferença.

Só o fato de uma garota que era escrava de todos os fatores citados acima ter ganhado o prêmio Nobel da Paz, já é motivo de orgulho, principalmente feminino. Hoje Malala é livre para estudar, sair na rua desacompanhada e fazer “o que quiser”, assim como nós sempre pudemos. Hoje Malala pode acessar a Internet e expressar sua opinião publicamente, assim como sempre pudemos. É de se refletir.

A leitura é leve e recomendo muito o livro, lembrando que está disponível em PDF no site:

E você, sabe quem é Malala?


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