Quem me conhece sabe que eu tenho um certo fascínio pelo
Oriente Médio. Pessoas sonham em conhecer Paris, Londres, Nova York, etc. Eu
também, mas meu maior sonho é poder visitar o Egito e Israel. Tenho interesse
pela cultura rica, pelo o que prega sua religião (apesar de ser Católica nata e
praticante), e pela história, que foi o fator determinante para que eu me
aprofundasse nesse assunto. Como almejo Jornalismo Internacional, leio com
prazer sobre essas coisas. Apesar de querer um dia exercer minha profissão em
uma área de conflitos milenares, prezo minha integridade e espero que um dia eu
possa realizar esse sonho sem o medo de alguém explodir meu hotel ou até mesmo
do meu lado em praça pública.

Malala conta a luta do pai, Professor e dono de uma
escola que sempre está prestes a falir. Líderes radicais o ameaçam o seguinte: “Pare de educar meninas ou vamos te matar!
Você e todas elas!” Como educar em um país que tem esse tipo de conduta?
Fora os Professores que temiam pela própria vida ao se arriscarem a dar aula
muitas vezes escondidos. Ás vezes, tudo que restava dos professores nas escolas
eram bilhetes em suas mesas, do tipo: “Me desculpe, mas não posso mais arriscar
minha vida para lecionar. Tenho medo de sair às ruas.”
O ápice do livro o qual fiquei mais indignada foi quando
um líder extremista instalou caixas de som na calçada do uma mesquista do
Paquistão ligada à única Rádio local, e anunciava coisa do tipo: “ O Sr.
Cicrano deixou a barba crescer e eu lhe dou os parabéns”, “O Sr. Beltrano
fechou sua loja de CD’s voluntariamente”, dizia, acrescentando que todos seriam
recompensados na outra vida. Os habitantes gostavam de ouvir seu nome citado na
rádio, por isso faziam mais e mais para serem percebidos. E falava “ As
mulheres devem cumprir suas responsabilidades dentro de suas casas. Somente em
casos de extrema necessidade elas podem sair, cobertas com o véu”.
Fica estampado a enorme intolerância e impiedade com o
próprio povo vindo do Governo, e pior: em nome de Deus. Quem tentava o
contrário, muitas vezes era criticado, linchado e até morto. É como abrir um
conto medieval onde não existe direitos humanos, amizade, risadas e felicidade.
Tudo é um suspense, e nunca se sabe quando poderá levar um tiro nas ruas,
porque simplesmente o Talibã quis te matar.
Nada mais revoltante que não poder ser livre. Por lutar
por liberdade, tanto educacional quanto cultural, Malala foi atingida com um
tiro no rosto voltando da escola, no ônibus. Simplesmente o ônibus foi parado em uma “Blitz” do Talibã, onde subiram
vários homens vistoriando o ônibus e perguntaram: Quem é Malala? Apontaram para
ela, e puxaram o gatilho.
Malala hoje tem uma dificuldade para falar e ficou com
algumas cicatrizes no rosto. Lendo esse livro dos pés a cabeça, tenho de
confessar: Feministas do ocidente devem LER!
Não menosprezando a repressão que mulheres ocidentais
sofrem/sofreram por aqui, porque realmente existe, mas aqui todas nós somos
livres e não temos a obrigação de nos cobrir com Burka, nem de sair de casa
APENAS acompanhada de um homem. Não somos indesejadas quando nascemos muito
menos trazemos desgosto para nossos pais quando sabem que somos meninas. Não
temos a obrigação de estudar escondido, sair de casa com medo do exército
invadir nossa casa pelo simples fato de você ter uma TELEVISÃO. Podemos nos
depilar, fazer o cabelo, escolher a roupa que quisermos e sairmos sozinhas às
ruas. Podemos escolher casar ou não. Podemos protestar do jeito mais ridículo
possível: mostrando os seios e as vaginas, que o exército não te espanca e não
te apedreja em praça pública. E não fomos feitas apenas para arrumar a casa,
cozinhar e parir como dita determinados lugares do oriente médio: desde
pequenas éramos livres para frequentar o Ballet, ao Inglês, Judô, escola( de
boa qualidade ou não), Natação, e fomos criadas para sermos mulheres de pulso
firme.
É fato que temos de viver a realidade de onde nascemos,
mas comparar sempre faz toda a diferença.
Só o fato de uma garota que era escrava de todos os
fatores citados acima ter ganhado o prêmio Nobel da Paz, já é motivo de
orgulho, principalmente feminino. Hoje Malala é livre para estudar, sair na rua
desacompanhada e fazer “o que quiser”, assim como nós sempre pudemos. Hoje
Malala pode acessar a Internet e expressar sua opinião publicamente, assim como
sempre pudemos. É de se refletir.
A leitura é leve e recomendo muito o livro, lembrando que
está disponível em PDF no site:
E você, sabe quem é Malala?
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